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Edmundo e outros jogadores do passado escaparam da era do cancelamento

Foto do escritor: Redação 2IARedação 2IA

Atualizado: 2 de jul. de 2020


Capa de jornal no dia após o acidente

A Internet ainda engatinhava no Brasil quando, na madrugada do dia 2 de dezembro de 1995, Edmundo, então atacante do Flamengo, provocou um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, deixando duas pessoas mortas, uma delas uma jovem de 16 anos. Horas antes, o jogador foi visto circulando por bares e boates da Zona Sul. Com a ajuda de bons advogados, conseguiu anos depois se livrar da condenação. Se o caso, porém, tivesse acontecido nos dias de hoje, Edmundo dificilmente escaparia do tribunal das redes sociais e o seu rito sumário de cancelamento o tornaria culpado.


Enquanto o então atacante preocupou-se apenas em se defender na Justiça, o jogador de futebol que comete um delito do gênero é atualmente obrigado a travar uma batalha digital para salvar a sua reputação, como ocorreu com o goleiro Jean no ano passado, que agrediu a esposa. A história do esporte no Brasil, especialmente do futebol, está recheada de casos que dificilmente se livrariam da condenação digital.

Tadeu Aguiar, jornalista que trabalhava na época como editor adjunto d'O Globo em editorias como esporte e política, falou como a imagem de Edmundo mudou ainda que a Internet tivesse um alcance delimitado. Tadeu disse ainda que hoje parece outra pessoa.


- O caso do Edmundo é uma aberração completa. É um assassino que hoje o povo exalta na TV, e foi premiado. Não foi premiado pelo que fez, mas talvez a falta de maior dado, talvez uma repercussão maior, ele acabou estando onde ele está hoje. Acho que tem até blog, tem tudo. Eu não gosto dele. É uma figura estranhíssima, muito estranha. Hoje ele não parece nem de leve o que era na verdade, na época - declarou Aguiar.


Para Tadeu Aguiar, de 63 anos, alguns futebolistas poderiam ter problemas com sua imagem hoje, em tempos de redes sociais. Figuras como Edmundo, e até o técnico Cuca, talvez não tivessem uma legião de fãs caso fossem jogadores na atualidade. Eles cometeram no passado atitudes questionáveis, mas sem o "tribunal de exceção" das redes sociais na época, continuam fazendo sucesso até hoje. Mas o que leva um usuário online a "cancelar" alguém?


Foto de Tadeu Aguiar

É difícil permanecer intacto nessas redes sociais. Todo dia influenciadores são cancelados pelos mais variados motivos. Basta um deslize para ver os números de seguidores caírem desfiladeiro a baixo. Mas imagina viver em uma época que os juízes de plantão não tinham esse espaço fiscalizador. Antes dos anos 2010 era mais difícil reunir pessoas para boicotar quem não andasse na linha. Muita gente deve a popularidade atual a ausência desses espaços no passado.


São recorrentes os casos em que atletas encontraram dificuldade em retomar a carreira por ações extra campo. Um dos casos mais famosos do últimos anos foi o envolvimento do ex goleiro Bruno em um assassinato da modelo Eliza Samudio, mãe de um filho dele. Bruno, na época jogador do Flamengo, tentou várias vezes retomar aos gramados quando a justiça lhe sedia a liberdade, porém o time que o contratava recebia uma enxurrada de críticas nas mídias sociais. O movimento virtual se espalha para a vida física, quando ele voltava aos estádio ouvia um coro de xingamentos vindo da arquibancada.

Porém alguns casos de esportistas que foram julgados na justiça, acabam sendo esquecidos por serem de um outro tempo.


Por Thiago Soares

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